Aquecimento global é a causa de eventos climáticos extremos, diz ONU

Mudança climática causada pelo homem é responsável por calamidades.
Novo relatório do IPCC foi publicado nesta sexta-feira.

As mudanças climáticas provocadas pelo homem já causam ondas de calor e chuvas torrenciais que causam inundações, e provavelmente contribuirão para futuros desastres naturais, alertou a ONU em um relatório publicado esta sexta-feira (18).

Mas as perdas e danos provocados por estes eventos extremos dependerão muito das medidas tomadas para proteger as populações e a propriedade quando a violência da natureza aflorar, acrescentou.

O relatório, divulgado dez dias antes das negociações climáticas em Durban, na África do Sul, é a primeira revisão abrangente das Nações Unidas sobre o impacto do aquecimento global em eventos climáticos extremos e a melhor forma de lidar com eles.

"Na verdade, podemos atribuir o aumento de dias quentes nos últimos anos a uma concentração maior de gases de efeito estufa", afirmou Thomas Stocker, co-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que aprovou um resumo do relatório durante reunião em Kampala, capital de Uganda.

"E é virtualmente certo que a intensificação da frequência e da magnitude dos extremos diários de calor e frio ocorram no século XXI", disse a jornalistas durante entrevista coletiva. "Temporais serão mais frequentes em muitas regiões do planeta", acrescentou.

Cenários
O relatório revisou extremos de calor e chuva com base em três projeções ou cenários: uma forte redução nas emissões de carbono, uma redução modesta, e níveis inalterados (cenário "business as usual"). Os três cenários demonstraram uma trajetória similar de aumento dos extremos até meados do século.

Mas por volta do fim do século, os caminhos divergem dramaticamente, com ondas de calor e picos de chuva mais intensos e frequentes no pior cenário, que considera um mundo saturado de gases-estufa.

No cenário que prevê emissões elevadas - a caminho do qual estamos agora -, picos de calor que aconteciam a cada 20 anos vão ocorrer a cada cinco anos por volta de 2050, e todo ano ou a cada dois anos ao final do século. A incidência de chuvas intensas aumentará da mesma forma, acrescentou o documento.

Qin Dahe, outro co-presidente do IPCC, afirmou que o painel também está "mais confiante" de que as mudanças climáticas são a causa do recuo das geleiras, uma grande preocupação para países da Ásia e da América do Sul, que dependem das geleiras para ter água.

Há alguns anos, a imagem do painel saiu arranhada após equívocos no Quarto Relatório de Avaliação, publicado em 2007. Entre estes erros estava uma estimativa grosseiramente imprecisa sobre o ritmo de derretimento das geleiras do Himalaia.

Voltando ao documento atual, no que diz respeito aos outros eventos climáticos, como ciclones, os cientistas ainda se disseram incapazes de dimensionar o impacto das mudanças climáticas, devido à falta de dados e a "mutabilidade e variações inerentes ao sistema climático", explicou Stocker.

"A incerteza aqui vai nas duas direções. Os eventos podem ser mais severos e mais frequentes do que as projeções sugerem ou vice-versa", acrescentou. Alguns estudos sugeriram que a temperatura do ar e da superfície marítima mais quentes, combinadas com uma maior umidade do ar intensificarão as tempestades tropicais.

O documento de 20 páginas publicado esta sexta-feira resume as conclusões de um relatório de 800 páginas, que levou três anos para ser feito, e que revisa milhares de artigos científicos. Ele foi escrito por cerca de 200 cientistas e aprovado esta semana pelo IPCC, formado por 194 países-membros, e que reúne representantes de governos e especialistas.

Fenômenos
Segundo o documento, eventos extremos climáticos atingirão o globo de forma desigual: a onda de calor que matou 70 mil pessoas na Europa em 2003 pode ser um padrão para futuros picos no sul da Europa e no norte da África. Regiões da África onde milhões já vivem no limite da fome enfrentarão mais secas. Pequenos estados insulares poderão ficar inabitáveis devido a temporais agravados pelos mares com níveis mais elevados.

"A mensagem chave é a forma de interação dos extremos, a exposição e a vulnerabilidade criam um risco de catástrofe", explicou Chris Field, co-presidente do Grupo de Trabalho II do IPCC, que se concentra na adaptação às mudanças climáticas.

"Não é preciso dizer que este [relatório] é um novo alerta", afirmou a comissária europeia de ação climática, Connie Hedegaard, em um comunicado em Bruxelas.

"Com todo o conhecimento e argumentos racionais a favor de uma ação climática urgente, é frustrante ver alguns governos não demonstrarem a vontade política para agir", acrescentou.

"Este relatório deveria acabar com as dúvidas dos governos sobre o que são as mudanças climáticas, sobre seus impactos sobre os eventos climáticos extremos, que já afetam as vidas e o sustento de milhões de pessoas", criticou Bob Ward, do Instituto de Pesquisas Grantham sobre Mudanças Climáticas e Meio Ambiente da London School of Economics.

Fonte: G1.com 

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2011/11/aquecimento-global-e-causa-de-eventos-climaticos-extremos-diz-onu.html

Perspectiva brasileira

Crédito foto: Juan Pratginestós Como um país em desenvolvimento com uma das matrizes energéticas mais limpas e renováveis do mundo, o Brasil confere a maior importância à questão da mudança climática e espera atingir um resultado ambicioso, equilibrado e abrangente na Conferência das Nações Unidas sobre Clima 2011 (Durban, de 28 de novembro a 9 de dezembro de 2011).

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Entrevista com Rajendra Pachauri

Rajendra Pachauri, Nobel da Paz e presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC),  fala sobre a importância da mitigação da mudança do clima para a paz mundial; os desafios do Brasil contra o desmatamento; o trabalho conjunto entre política e ciência; e as macrosoluções para o problema.

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FAPESP expande pesquisas sobre mudanças climáticas

noticia-26-10Agência FAPESP – O Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), que já investiu US$ 30 milhões em projetos de pesquisa com duração de até seisanos, pretende ampliar de 40 para até 60 projetos apoiados até março de 2012. A spesquisas serão desenvolvidas por pesquisadores ligados a instituições do Brasil e em colaboração com instituições como o Natural Environment Research Council (Nerc), do Reino Unido, um dos organismos que compõem os Research Councils UK – que mantêm acordo com a FAPESP desde setembro de 2009 –, AgenceNationale de La Recherche (ANR), da França e Interamerican Institute for Global Change Research (IAI), organização intergovernamental apoiada por nove países nas Américas.

O anúncio foi feito pelo coordenador do RPGCC, Reynaldo Victoria, durante o primeiro dia do simpósio FAPESP Week, que promove o debate sobre temas avançados de pesquisa científica e tecnológica entre pesquisadores brasileiros e norte-americanos, em Washington DC, de 24 a 26 de outubro.

“Estamos procurando adequar os temas dos projetos para cobrir áreas ainda não contempladas, induzindo pesquisas sobre saúde, paleoclima e o papel do Atlântico Sul nas Mudanças Climáticas”, afirmou o professor do Centro de Energia Nuclear Aplicada à Agricultura (Cena-USP) e coordenador do RPGCC.

Victoria relatou metas dos 21 projetos em andamento desde o início de 2009 e previu também um esforço para ampliar o número de acordos com organizações internacionais. Hoje, o Programa mantém cooperação com 21 instituições de pesquisa no mundo e também com as Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados do Rio de Janeiro e Pernambuco.

“Um dos objetivos centrais é construir e colocar em operação até 2014 o Brazilian Model of the Global Climate System, com foco na Amazônia e Atlântico Sul”, previu Victoria. “Queremos responder ao desafio sobre como os países poderão se desenvolver de forma sustentável no século 21”, concluiu.

O RPGCC foi lançado pela FAPESP em 2008 com o objetivo de avançar o conhecimento científico sobre as consequências das mudanças climáticas e ambientais. Entre os temas de interesse, com ênfase na biodiversidade, dos projetos que poderão ser desenvolvidos em colaboração estão os efeitos das mudanças sobre a saúde humana, o equilíbrio da radiação na atmosfera, emissões e mitigação de gases de efeito estufa e funcionamento de ecossistemas.

Monitoramento e transparência

O Brasil está considerando a possibilidade de incluir na Rio+20 uma convenção internacional sobre a transparência das informações ambientais. A informação foi divulgada por Gilberto Câmara, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O Brasil pretende levar sua experiência e propor que os países assumam a divulgação aberta de dados que dizem respeito ao ambiente no mundo.

Segundo Câmara, um projeto proposto pelo Inpe e o JPL (Jet Propulsion Laboratory, da NASA), ainda em análise, permitiria uma evolução no monitoramento ambiental por meio de satélite GTEO (Global Terriesrial Ecosystem Observatory), construído com investimentos de US$ 100 milhões do Brasil e US$ 150 milhões dos Estados Unidos. O Brasil seria responsável pela criação do corpo do satélite, painel solar, computador de bordo para coleta e envio dados.

O monitoramento ambiental feito hoje no Brasil utiliza câmaras a bordo de satélites que coletam fotos em faixas discretas do espectro. A nova tecnologia torna possível distinguir diferentes espécies

Para Robert Green, do JPL, o projeto permitirá pela primeira vez coletar informações sobre quais as espécies de plantas existentes, onde elas vivem e quais são suas condições de saúde. “Este será a primeira medição global dos ecossistemas com coleta do espectro de cada ponto do planeta”, disse.

Fonte: FAPESP
http://agencia.fapesp.br/14688

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