Um valoroso debate sobre os desastres ambientais em tempos de mudanças climáticas ocorrerá na próxima semana, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro. Promovido pela Firjan e Sebrae, em parceria com o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e COPPE/UFRJ, evento acontece de 22 a 25 de maio no Senai Nova Friburgo e é considerado preparatório para a Rio+20. Sete áreas que necessitam de atenção prioritária da sociedade e governos - postos de trabalho decentes, energia, cidades sustentáveis, segurança alimentar e agricultura sustentável, água, oceanos e prontidão de desastres – compõem o elenco de temas preparatórios para a Rio+20. A questão “desastres ambientais” é considerada de extrema importância para o Estado do Rio de Janeiro, já que ocorreu o maior desastre climático do País. O assunto estará em pauta em Nova Friburgo, no Fórum Eco Serra, que acontece na próxima semana, de 22 a 25 de maio, no Senai Nova Friburgo (Rua kprescé Eugenio Muller, 220, centro).
O workshop "Desastres Ambientais em tempos de mudanças climáticas" será no dia 24 de maio, dentro do Fórum Eco Serra, que contempla outra série de atividades e palestras diárias sobre meio-ambiente.
Nesse dia, a partir das 9h, especialistas nacionais e internacionais debaterão o tema “Adaptação aos Desastres”, cujo conteúdo servirá de subsídio para a abordagem do assunto na Rio+20. “É importante chamar a atenção da sociedade e governos para a importância de trabalhar a adaptação aos desastres e minimizar as perdas. Os países pobres, que são os mais vulneráveis, possuem baixa capacidade de se adaptar e sofrerão ainda mais com uma possível mudança climática futura. A resiliência - capacidade de pessoas e lugares se ajustarem a esses impactos e se recuperarem rapidamente - é possível”, explica Andréa Santos, do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.
A importância do conhecimento das vulnerabilidades, divulgação de alguns exemplos de medidas de adaptação, impactos e remediação de desastres (apresentação de medidas pós-eventos climáticos) e planejamento para situação extremas estão entre os temas do workshop. A experiência de chefes do Corpo de Bombeiros da Dinamarca e do Reino Unido, que participarão do evento, deverá contribuir para ajudar a dimensionar as ações possíveis.
“Esse é um evento muito importante para Nova Friburgo. Nosso objetivo é destacar, no workshop, a redução dos impactos das mudanças climáticas, uma discussão preparatória para a abordagem do tema na Rio+20. Chamo a atenção também para as palestras do Fórum Eco Serra, onde serão discutidos temas como resíduos sólidos e licenciamento ambiental”, afirma Vicente Bastos, conselheiro da Firjan e idealizador do evento.
Da School of the Built and Natural Enviroment, da Universidade de Northumbria, no Reino Unido, virá o Dr. Komal Raj Aryal. John Hindmarch, chefe do Corpo de Bombeiros do Reino Unido, com 35 anos de experiência na Tyne and Wear Fire and Rescue Service, e Keith Trotter, da mesma corporação, com 27 anos de trabalho, também serão palestrantes no workshop. Kim Lintrup, também chefe do Corpo de Bombeiros, com 22 anos de experiência, virá da Dinamarca.
Outras presenças confirmadas são: Andrea Santos, secretária executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC); Sergio Simões, secretário estadual de Saúde e Defesa Civil do estado Rio; Paulo Canedo, da COPPE/UFRJ; Andrea Young, do CEPAGRI-UNICAMP – GT2 do PBMC; Professora Nazareth Solino, da UFF, entre outros. No dia 25, alguns palestrantes farão uma visita técnica sobrevoando áreas atingidas pelo desastre da Região Serrana em janeiro de 2011.
O Fórum Eco Serra é uma realização da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) e Sebrae, com patrocínio da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), CEA (Centro de Educação Ambiental), EBMA, Energisa, Holcim, Lafarge, Votorantim. Apoio do PBMC, Sindanf, Sindgraf, Sindmetal, Sinduscon, Sindvest e Prefeitura de Nova Friburgo.
15/05/2012
Por Flávia Oliveira
O Fórum Eco Serra, semana que vem, em Nova Friburgo, terá painel sobre a prevenção e mitigação de efeitos de desastres naturais. A tragédia das chuvas na cidade, no início de 2011, puxou o debate. É parceria do painel brasileiro de mudanças climáticas e a COPPE/UFRJ. A iniciativa é de Firjan e Sebrae.
Fonte: O Globo, Editoria - Negócios & Cia, pág 22.
Mais informações: Fórum Eco Serra
Enquanto os organizadores brasileiros afirmam que a Rio+20 é um encontro para debater o desenvolvimento sustentável, como, a propósito, está expresso no nome do evento, um grande número de participantes de peso afirma que virá ao Brasil discutir questões ambientais e nada mais.
Ambas são questões essenciais, mas um encontro sem foco corre o risco de seguir a esteira de fracassos recentes dos debates tanto sobre um quanto sobre outro tema.
E parece que o mundo não chegou ainda a um acordo sobre se é necessário realmente realizar uma conferência de cunho tão amplo, ou se apenas precisamos continuar discutindo o meio ambiente, questões econômicas postas à parte.
"A RIO+20 é uma conferência sobre desenvolvimento sustentável e não apenas um debate sobre meio ambiente. A intenção da presidência da conferência é que as dimensões ambiental, social e econômica tenham o mesmo peso no debate. O governo brasileiro, por sua vez, entende que, se os desafios do século 21 não forem vistos de maneira integrada, jamais conseguiremos atingir níveis de sustentabilidade", defende defende o embaixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo Machado.
De acordo com o embaixador, o mundo atravessa uma época de crise internacional e os atuais modelos de desenvolvimento demonstram uma erosão em sua capacidade de dar respostas aos novos desafios.
"Os modelos atuais produzem crises em todos os pilares do desenvolvimento sustentável: a crise climática, a perda acelerada da biodiversidade, a degradação social e a crise energética demonstram isso. Estamos fazendo algo errado", disse.
O esboço do documento que servirá de base para a declaração final da Rio+20, o chamado "Esboço Zero", por sua vez, não avança tanto nesta questão, e tem sido criticado pelos defensores de uma conferência que mergulhe diretamente na questão do desenvolvimento sustentável.
Mas o documento tem sido mais criticado ainda pelos opositores, que dizem que o documento saiu demais da questão ambiental, que deveria ser o foco da conferência.
Autoridades ambientais da Europa criticaram publicamente o documento, atribuindo "falta de foco" ao texto, já que ele estabelece temas como economia verde e desenvolvimento sustentável entre as prioridades do encontro.
Segundo os europeus, a conferência deveria ter mais foco na questão ambiental propriamente dita e na reorganização institucional dos órgãos internacionais voltados ao tema, sobretudo ao IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas).
O IPCC vem sendo duramente criticado no próprio meio científico, devido a alguns escorregões que colocaram em dúvida sua credibilidade frente à opinião pública e aos políticos.
A comunidade científica formalizou um estudo propondo mudanças científicas e gerenciais no IPCC, mas o presidente da instituição, Rajendra Pachauri, agarrou-se ao cargo e não se sentiu constrangido o suficiente para sair.
A expectativa é a de que um encontro mundial como a Rio+20 tenha peso suficiente para garantir a adoção das medidas sugeridas no órgão.
A ministra francesa do Meio Ambiente, Nathalie Morizet, por exemplo, afirmou que falar muito sobre crescimento verde e pouco sobre governança significa perder o foco.
Jean Jouzel, vice-presidente do IPCC, também afirmou que a RIO+20 precisa ser "mais conclusiva e menos filosófica".
O Brasil lidera uma visão diferente.
Na época da ECO-92, segundo o embaixador brasileiro, os países desenvolvidos acreditavam que haviam resolvido suas questões econômicas e sociais e dirigiam o foco das discussões para os temas exclusivamente ambientais.
Enquanto isso, os países em desenvolvimento tinham o foco no desenvolvimento econômico apoiado no contexto da sustentabilidade.
"Vinte anos depois, o mundo virou de cabeça para baixo: os países desenvolvidos estão lidando com uma profunda crise econômica e social, enquanto os países como o Brasil são líderes na área em tecnologias verdes, em investimentos em energia limpa e avançaram na inclusão social", disse.
Nesse novo contexto, segundo Machado, a RIO+20 não tem mais uma agenda que olha o econômico, o ambiental e o social separadamente.
Por isso, a comissão brasileira da conferência tem utilizado o termo "economia verde inclusiva", a fim de remeter ao trinômio "crescimento", "inclusão social" e "proteção da natureza".
"A decisão política do século 21 é a de integrar essas três dimensões. Esse é um desafio para todos os países e para a RIO+20. Se conseguirmos essa integração, finalmente poderemos, depois de duas décadas, realizar as promessas da ECO-92", afirmou Machado.
Promessas à parte, o fato é que a situação da Rio+20 se parece cada vez mais com um hoje esquecido "Debate Norte-Sul", um debate que a rigor nunca existiu porque, por mais que o Sul tenha gritado, o Norte sempre fez-se de surdo.
O estreito de Bering, uma passagem de cerca de 80 km entre partes dos oceanos Ártico e Pacífico, pode ajudar limitar mudanças climáticas abruptas, segundo um estudo publicado na segunda-feira (9) na revista científica "Proceedings of the National Academy of Sciences".
Estas mudanças, conhecidas como eventos de Dansgaard-Oeschger e Heinrich, ocorreram frequentemente durante o último período glacial, especificamente entre 11 e 80 mil anos atrás, segundo o estudo.O efeito só deve ocorrer, dizem os cientistas, se o estreito continuar aberto. Caso ele se feche, o que já ocorreu no passado, alterações na circulação dos oceanos poderiam provocar mudanças súbitas e influenciar o clima global.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores usaram computadores poderosos, que previram impactos tanto do fechamento da passagem como da sua continuidade.
Os cientistas também argumentam que, mesmo em um cenário de aquecimento global provocado pela emissão de gases que provocam o efeito estufa, alterações climáticas súbitas não devem ocorrer se o estreito se mantiver aberto.