Mensagem do IPCC: Mitigar as emissões globais de GEE já!

Por Juliana Speranza

No dia 13 de abril, em Berlim, na Alemanha, foi lançado o Sumário para Formuladores de Políticas do Grupo de Trabalho 3 do IPCC[1] (IPCC WGIII AR5), documento do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que detalha aos governantes o quê precisa ser feito para conter as mudanças climáticas globais e os seus efeitos.

Em coletiva de imprensa, Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, ressaltou a importância de toda a sociedade global se unir o quanto antes para mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE). “Entre 1970 e 2010, as emissões continuaram a aumentar, especialmente na última década, quando alcançaram 49 Gigatoneladas (Gt) de CO2e”, disse Pachauri. Já Ottmar Edenhofer, copresidente do Grupo de Trabalho 3 do IPCC, destacou a necessidade da estipulação de um preço de carbono internacional, além da cooperação entre países. “Não estamos dizendo que é ‘almoço grátis’, mas a política climática pode ser uma refeição na qual vale a pena investir”, concluiu Edenhofer.

Em outras palavras, o fato é que mesmo com todos os debates climáticos e com o tema do aquecimento global ocupando cada vez mais a agenda dos líderes mundiais, as emissões de GEE aceleraram na última década, aumentando 2,2% por ano, entre 2000 e 2010. A velocidade entre 1970 e 2000 era menor, de 1,3% ao ano. Mas os cientistas não perderam a esperança. Eles sabem que não será tarefa fácil, mas continuam reforçando e defendendo a necessidade de se colocar em prática medidas como, a expansão do uso de fontes de energia limpa e, melhorias nos processos industriais, para diminuir as emissões de GEE, colocando o mundo numa rota tecnológica de baixo carbono, em lugar do atual cenário “business as usual”.

De acordo com o IPCC, reduzir as emissões até um nível que limite o aquecimento em 2oC[2], até 2100, custaria ao planeta 0,06% de seu crescimento econômico anual, em um cenário no qual a economia mundial cresce entre 1,3% a 3% ao ano.  Para os cientistas do Painel há uma janela de oportunidade de uma, talvez duas décadas, para se limitar o aquecimento global em 2oC, porém é preciso agir desde já, por meio de investimentos reais e substanciais. Ademais, os custos da inação aumentam conforme os investimentos são postergados.

Se nada for feito e continuarmos apenas com as políticas climáticas já existentes, o IPCC prevê um aquecimento de 3,7oC a 4,8oC até 2100, o que vai demandar futuramente recursos muito mais significativos para adaptar e amenizar os impactos negativos do aquecimento global, que para algumas regiões e setores econômicos podem ser até catastróficos.

Figura SPM.2 extraída de IPCC WGIII AR5/Summary for Policymakers

 

Conheça algumas das principais conclusões do documento do IPCC:

 

  1. As emissões de GEE aceleram, apesar de esforços de redução. A maior parte do crescimento de emissões é de CO2, que provém da queima de combustíveis fóe de processos industriais;
  2. As emissões aumentam com o crescimento econômico e populacional;
  3. medidas de mitigação, a média da temperatura global pode aumentar de 3,7oa 4,8oC no século 21;
  4. A mitigação pedemudanças tecnológicas e institucionais, incluindo o aprimoramento de fontes de energia de baixo ou zero carbono;
  5. Atrasar a adoção de ações de mitigação vai aumentar a dificuldade e reduzir as opções disponíveis para se limitar o aquecimento global em 2oC;
  6. A mitigação demanda mudanças em toda a economia. Esforços em um setor determinam esforços de mitigação em outros;
  7. Reduções substanciais nas emissões requerem grandes mudanças nos padrões de investimentos;
  8. Desde o quarto relatório do IPCC, houve aumento no foco em políticas destinadas a integrar múltiplos objetivos, aumentar co-benefícios e reduzirefeitos colaterais adversos;
  9. A mitigação efetiva não será alcançada se agentes individuais – como países, empresas ou indiví– avançarem seus interesses particulares independentemente dos outros, coletivos.

 Para consultar os documentos da 39ª sessão do IPCC, realizada em Berlim, acesse: http://www.ipcc.ch/scripts/_session_template.php?page=_39ipcc.htm

 

[1] Este grupo avalia as opções para mitigar a mudança climática global, ou limitando ou impedindo as emissões de GEE e ainda aumentando as atividades que removem tais gases da atmosfera.

[2] Limite considerado seguro pelos cientistas para que os efeitos das mudanças climáticas sejam brandos.

Fonte Fórum Clima

Medidas de adaptação ao aquecimento global são urgentes no Brasil e no mundo

Por Juliana Speranza

No dia 1º de abril foi divulgado o Sumário para Formuladores de Políticas (SPM), do Relatório sobre Impactos, Adaptação e Vulnerabilidades às Mudanças Climáticas, de autoria do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês); na sede da Academia Brasileira de Ciências (ABC), na cidade do Rio de Janeiro. Este sumário traz uma mensagem clara: as mudanças climáticas já estão acontecendo e afetando as populações de todo o planeta e, o mundo, precisa desde já implementar medidas de adaptação para minimizar os efeitos negativos que estão sendo sentidos pelas economias e os seus indivíduos e para aumentar a capacidade de resiliência[1] dos ecossistemas.

Internamente, desde 2013, o Brasil começou a fazer o seu dever de casa, para ter um Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, com previsão de ser finalizado e publicado em 2015, após um amplo processo de elaboração e de consulta pública à sociedade (ver cronograma adiante).

O processo de elaboração do plano tem a dupla coordenação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI). Um importante objetivo do plano é contribuir para: a) reduzir riscos e vulnerabilidades ambientais, econômicas e sociais decorrentes da mudança do clima; b) minimizar prejuízos ambientais; c) minimizar impactos nos ecossistemas; d) promover a melhoria socioambiental do país.

O preenchimento de lacunas de dados e informações é desafio para a adoção de medidas de adaptação, pois as medidas precisarão ser embasadas em conhecimento técnico-científico sobre os impactos negativos do aquecimento global e seus custos para minimizá-los e, para adaptar as economias e os ecossistemas à elevação da temperatura média e à ocorrência de eventos climáticos extremos. Vale destacar, desafio que atinge, em menor ou maior magnitude, porém, a todos, os países do globo.

A iniciativa “Economia da Mudança do Clima no Brasil[2] foi uma primeira tentativa de reunir no nosso país estimativas econômicas dos efeitos negativos das mudanças climáticas globais sobre o Brasil. O estudo que teve início em meados de 2007, por proposta e com apoio da Embaixada da Grã-Bretanha no Brasil, inspirou-se no Relatório Stern[3] para avaliar o grau de influência das mudanças do clima na agenda de desenvolvimento brasileira. Ele reuniu pela primeira vez um grupo de cientistas brasileiros das mais diversas especialidades (clima e saúde, clima e biodiversidade, energia, estresse hídrico, clima e agricultura, etc.) que forneceram informações sobre os impactos das mudanças climáticas globais sobre cada um desses temas. Em sequência, tais informações foram sistematizadas e reunidas por meio de um modelo de equilíbrio geral computável, que estimou o impacto econômico, em termos do Produto Interno Bruto (PIB), da perda esperada na economia brasileira, para 2050, decorrente das mudanças climáticas globais, se nada for feito (custo da inação): 0,5% a 2,3% do PIB em 2050, ou, perda esperada de R$719 bilhões e R$ 3.622 bilhões, conforme os cenários A2 e B2 de GEE, respectivamente.

O coordenador do estudo Economia da Mudança do Clima no Brasil, Sérgio Margulis, atualmente é diretor da Subsecretaria de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR). Lá, juntamente com Natalie Unterstell, está coordenando o projeto Adaptação do Brasil às Mudanças do Clima: Cenários e Alternativas. Este projeto visa construir cenários e propor uma política estratégica para o país vir a poder desenvolver parcerias com centros geradores de conhecimento e, assim, construir um projeto nacional de desenvolvimento sustentável, capaz de informar e preparar os setores econômicos e a sociedade brasileira para se defrontarem com os impactos das mudanças do clima. Soma-se ao projeto o também objetivo de produzir simulações de longo prazo (período 2050) para a matriz energética brasileira, considerando diferentes cenários de evolução do preço do carbono, o esgotamento do potencial hidrelétrico brasileiro e a penetração de gás natural não convencional.

O Ministério do Meio Ambiente é outra instituição que também reúne informações e dados que possam contribuir para a elaboração do Plano Nacional de Adaptação do Brasil. Por exemplo, o MMA, contratou pesquisa do Centro de Estudos em Sustentabilidade da EASP, também conhecido porGVCes, que sugeriu marco analítico e conceitos para pensar o tema da adaptação no Brasil, além de construir uma base de dados que mapeou todos os estudos existentes acerca dos impactos das mudanças climáticas sobre o Brasil. Em fase de finalização, logo que concluído, o MMA pretende disponibilizar o estudo contratado.

Decorrem deste estudo as reflexões que levaram o MMA a propor uma agenda de trabalho para construção do Plano Nacional de Adaptação, ao longo de 2014, assentada em Grupos de Trabalho (GTs) temáticos: zonas costeiras, energia, água, biodiversidade, segurança alimentar, dentre outros. A proposta é instigar para que todos, sociedade civil organizada, Academia, setor privado, ministérios e outros órgãos do governo federal, estaduais e municipais participem dos GTs e de suas discussões, que vão subsidiar a elaboração do plano. Alguns GTs já iniciaram seus trabalhos e reuniões.

As esferas locais, no âmbito das discussões sobre adaptação no Brasil, ganham importância. Isto porque é sobre elas que recaem os principais prejuízos humanos, materiais e financeiros decorrentes do aquecimento global e é por meio delas que soluções locais precisarão ser implementadas para diminuir a vulnerabilidade das cidades e, aumentar a capacidade de resiliência das mesmas. Neste sentido, o Núcleo de Articulação Federativa para o Clima, instância pertencente ao Grupo Executivo para o Clima (GEx), assume novo papel, o de fomentar e coordenar as discussões sobre adaptação nos Estados e nas cidades, além da sua função inicial de unificar e harmonizar as políticas de clima entre os entes federativos.

Paralelamente, a sociedade civil organizada, aos poucos, começa a se inteirar e a participar das discussões sobre adaptação, um tema novo às políticas públicas brasileiras, mas que compete e afeta todos os indivíduos e agentes econômicos do Brasil. A saber, o Observatório do Clima[4] pretende levar sugestões sobre o Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas à próxima reunião do grupo executivo da Comissão Interministerial de Mudanças Climáticas (CIM).

Em todos os GTs é preciso dar sentido estratégico ao tema da adaptação, numa discussão sobre planejamento da agenda de desenvolvimento do país. Discutir adaptação significa discutir, por exemplo, a produção de energia ou as condições de estresse hídrico do Brasil, em contexto de aquecimento global.

 

Calendário e Agenda de Trabalho do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas

 

 

 

Extraído de apresentação de Couto Silva (MMA), realizada na Primeira Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais São Paulo, 2013.

 

Um pouco do que já sabemos

Extraído de Margulis et al (2011).

 

Já aconteceu e ainda vai acontecer: programe-se

Vai acontecer em Fortaleza, Ceará, nos dias 12 a 16 de maio, a Terceira Conferência Internacional Adaptation Futures 2014. Esta conferência discutirá os impactos do clima e as opções de adaptação. Para isso a conferência pretende reunir pesquisadores, tomadores de decisão e profissionais, de países desenvolvidos e em desenvolvimento, para compartilhar abordagens, métodos e resultados de pesquisa no tema.

Mais informações ver http://adaptationfutures2014.ccst.inpe.br/

No dia 26 de junho de 2013 aconteceu o Fórum Latino Americano de Adaptação às Mudanças do Clima, uma iniciativa do GVCes na América Latina, em parceria com o Secretariado da UNFCCC/Programa Nairobi.

Mais informações ver http://www.gvces.com.br/index.php?r=site/capasecao&id=26

 

[1] Resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas, por exemplo, choques, estresses, dentre outras.

[2] O livro Economia da Mudança do Clima no Brasil, organizado por Sérgio Margulis, Carolina Dubeux e Jacques Marcovitch e, publicado pela editora Synergia, do Rio de Janeiro, em 2011, é um produto desta iniciativa.

[3] O Relatório Stern, coordenado pelo economista Nicholas Stern, sob encomenda do governo britânico, foi relatório amplamente difundido e discutido no mundo, em 2006, que afirmou, dentre outras informações, que o custo da inação em não fazer nada para reverter os efeitos do aquecimento global no futuro é maior do que começar a agir desde já através da implantação de medidas de mitigação. Stern é presidente do Instituto de Pesquisa Grantham sobre Mudanças Climáticas e o Meio Ambiente, da Escola de Economia de Londres e também possui assento no Centro de Mudança Climática, Economia e Política (CCCEP) na Universidade de Leeds e LSE (London School of Economics).

[4] O Observatório do Clima congrega um conjunto de mais de 20 instituições e organizações não-governamentais que lutam pela preservação do meio ambiente e também atuam com a agenda do clima. Para acessar lista completa dos seus membros ver:http://www.observatoriodoclima.eco.br/index.php/page/15-Membros-do-OC

Fonte: Fórum Clima

Demora na tomada de decisões encarece mitigação da mudança climática, diz IPCC

Por Karina Toledo

Todos os cenários de mitigação dos impactos das mudanças climáticas apresentadas no domingo (13/04) pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU), passam pela redução das emissões de gases do efeito estufa e por investimentos em tecnologias capazes de sequestrar o carbono já emitido.

Se a humanidade quiser impedir que a temperatura do planeta suba, até o fim do século, mais do que 2 graus Celsius em relação ao período pré-industrial – evitando assim impactos mais significativos –, será necessário reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa entre 40% e 70% em relação a 2010, até meados do século, e para quase zero até 2100.

As informações são do Sumário para Formuladores de Políticas Públicas do relatório“Climate Change 2014: Mitigation of Climate Change”, elaborado pelo terceiro grupo de trabalho (WG3, na sigla em inglês) do IPCC.

Para os especialistas, a redução das emissões envolve o investimento em energias renováveis, o aumento da eficiência no uso de recursos e a redução do consumo insustentável.

Uma meta ambiciosa seria reduzir em torno de 1,7% o consumo de bens e produtos até 2030, 3,4% até 2050 e 4,8% até 2100 – o que equivaleria a uma redução de 0,06% por ano no crescimento do consumo ao longo do século.

O documento – que corresponde à terceira parte do relatório de avaliação (AR5) do Painel – aponta ainda que seria necessário um investimento global em torno de US$ 177 bilhões por ano no desenvolvimento de tecnologias que permitam reduzir as emissões e sequestrar o carbono já emitido.

“Mas essas mudanças trazem uma série de benefícios adicionais que precisam ser computados nessa conta. Podem trazer melhoria da qualidade de vida pela redução da poluição atmosférica e disponibilizar recursos de forma mais eficiente para as pessoas. Os benefícios da mitigação podem até superar as perdas com a redução do consumo ao longo do tempo”, afirmou Mercedes Maria da Cunha Bustamante, professora do Departamento de Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB) e um dos três membros brasileiros da equipe de cientistas que elaborou o sumário.

Em entrevista à Agência FAPESP, Bustamante falou sobre como o documento deverá ajudar nas negociações sobre o clima nos próximos anos, quais são as expectativas de um acordo global para a redução de emissões e como ações individuais podem ajudar no processo de mitigação.

Agência FAPESP – Qual é a sua linha de pesquisa na UnB? 
Mercedes Maria da Cunha Bustamante – Nosso grupo de trabalho se dedica a estudar os impactos da conversão de sistemas naturais, como a Amazônia e o Cerrado, sobre o funcionamento dos ecossistemas. Há quase 20 anos tentamos entender como funcionam os ciclos de carbono e de nitrogênio nesses sistemas naturais e de que forma esses ciclos são impactados pelas mudanças de uso do solo. Também buscamos avaliar o impacto da biodiversidade para o funcionamento desses ecossistemas.

Agência FAPESP – Desde quando colabora com os trabalhos do IPCC? 
Bustamante – Eu já havia colaborado no relatório anterior, publicado em 2007, mas apenas como revisora. Quando se iniciou o processo de definição dos autores do terceiro grupo de trabalho do AR5 fui convidada para coordenar – ao lado de Pete Smith, do Reino Unido – o capítulo sobre Agriculture, Forestry and Other Land Uses [Agricultura, silvicultura e outros usos da terra]. São ao todo 16 capítulos que compõem o relatório do WG3 e quase 10 mil referências bibliográficas. O trabalho teve início há pouco mais de três anos.

Agência FAPESP – Na primeira parte do AR5, cientistas já haviam alertado que, caso as emissões de gases do efeito estufa continuem crescendo às atuais taxas ao longo dos próximos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar até 4,8ºC. Qual é a proposta dessa terceira parte do AR5 para evitar que isso aconteça? 
Bustamante – Com base nos modelos desenvolvidos pelo WG1 – que estimou o aumento da temperatura em cada diferente cenário de concentração de gases de efeito estufa – calculou-se o quanto cada setor da economia precisa contribuir para a mitigação. A meta é manter o aumento da temperatura em até 2 ºC até o fim do século. Cerca de 900 cenários foram elaborados buscando avaliar como ações de mitigação em um determinado setor impactam os demais. Por exemplo, como a terra é um recurso limitado, se eu aumentar muito a área de floresta, diminui a área para produção de alimentos ou para plantação de culturas voltadas à bioenergia. Com base nesses cenários, elaboramos um “mapa” com várias saídas possíveis. Todas elas passam por reduzir as emissões e aumentar medidas que promovam sequestro de carbono. A mensagem principal é: não dá para postergar mais essas ações necessárias. Não é um processo de tomada de decisão simples, é realmente complexo e multissetorial. Nenhum setor sozinho vai dar conta de fazer as alterações necessárias. Vai exigir um planejamento das interações entre os setores.

Agência FAPESP – Como é possível fazer o sequestro de carbono da atmosfera? 
Bustamante – Uma medida já disponível, que pode ser usada em um primeiro momento para abater as emissões, é o plantio de árvores em regiões onde antes não havia grandes extensões florestais. As árvores incorporam o dióxido de carbono (CO2) na biomassa, mas claro que essa medida tem uma limitação, pois as árvores não crescem indefinidamente. Outra forma amplamente discutida no relatório são tecnologias de captura que fazem o bombeamento de CO2 da atmosfera para camadas geológicas mais profundas. Algumas dessas tecnologias são associadas a processos industriais e, antes de o sistema de energia emitir o carbono, o gás já é capturado e bombeado para esses reservatórios. Mas ainda há uma série de desenvolvimentos tecnológicos a serem feitos. Os modelos indicam que, quanto mais tempo a gente demorar para iniciar as ações de mitigação, mais dependente seremos dessas estratégias de captura de carbono. Há vários caminhos, mas quanto mais tempo demorar para começarmos, mais difícil e mais caro será.

Agência FAPESP – Qual é a proposta do documento para a redução das emissões de gases do efeito estufa? 
Bustamante – Falou-se muito em energias renováveis, pois um dos grandes vetores das emissões é a queima de combustíveis fósseis. Isso tem uma repercussão no nosso capítulo [Agricultura, Silvicultura e outros usos da terra] em razão do papel que a bioenergia tem na questão das energias renováveis. Se for necessário destinar mais terra para plantar culturas voltadas à produção de bioenergia, isso afetaria a configuração de uso da terra. No capítulo sobre suprimentos de energia é mencionada a questão da energia nuclear, mas é uma alternativa que encontra uma série de barreiras e riscos associados ao processamento do material, funcionamento das usinas e a possibilidade de acidentes nucleares. Apesar de ser uma alternativa de baixo carbono, vem cercada de vários questionamentos acerca da segurança e do funcionamento desse tipo de instalação. Uma questão importante que o relatório apresenta é a necessidade de se aumentar a eficiência energética e a redução de consumo.Para todos os capítulos, a redução de consumo é um aspecto importante. Atualmente, parte significativa da produção agrícola é perdida ao longo da cadeia de produção de alimentos, por exemplo. Algumas perdas são inevitáveis, mas existe muito desperdício. O ideal seria optar por alimentos produzidos de forma mais eficiente e adotar pequenas alterações na dieta que têm impacto positivo na saúde e nas emissões, como diminuir o consumo de carne, onde hoje ele é excessivo, e inserir na dieta outros itens menos intensivos na emissão de gases de efeito estufa.

Agência FAPESP – Além de mudanças em nível de políticas públicas, são necessárias também ações individuais? O que cada cidadão pode fazer? 
Bustamante – O cidadão tem um poder de escolha importante como consumidor na definição do tipo de indústria que queremos. É preciso conhecer aquilo que você consome e o impacto que isso tem. Favorecer transporte coletivo em detrimento do individual. Mas, em algumas áreas, a decisão individual sofre uma influência muito grande do poder público. As pessoas podem optar pelo transporte coletivo, mas essa opção precisa estar disponível, ter qualidade e segurança. São dois elos que devem estar fortemente encadeados. A economia de energia que fazemos em casa e no trabalho deve acontecer independentemente de uma ameaça de racionamento. A responsabilidade na utilização dos recursos é de todos e os recursos são limitados. No relatório há uma ênfase grande na questão do comportamento humano e nos sistemas de informação. Discutimos de que forma podemos informar as pessoas de que suas opções de consumo individuais têm um impacto coletivo significativo e de que forma devemos trabalhar questões culturais também relevantes. O relatório traz questões prementes associadas à equidade e à ética no processo de tomada de decisão. A decisão tomada hoje tem um impacto sobre as gerações futuras. Podemos assumir essa conta hoje e já começar a pagá-la ou deixar para pagar mais para frente, só que ficará mais caro. São questões que envolvem o princípio da filosofia moral, como trabalhar a equidade entre os países e, dentro dos países, a equidade entre os grupos sociais

Agência FAPESP – Quais setores da economia serão os mais afetados pela redução do consumo e demais custos da mitigação? 
Bustamante – Existe ainda muita incerteza em relação a isso porque estamos falando de números globais. Essa é uma das limitações do relatório, não há como fazer uma avaliação específica para um país ou região. Caberá agora aos países, de posse da informação mais geral, fazer uma estimativa própria. Há um custo de implementar essas medidas de mitigação, mas, por outro lado, as mudanças trazem uma série de benefícios adicionais que têm de ser computados nessa conta. Pode haver melhoria da qualidade de vida pela redução da poluição atmosférica e distribuição de recursos de forma mais eficiente para as pessoas. É preciso considerar que vivemos em um mundo ainda muito desigual. Há países que já atingiram bom patamar de desenvolvimento e bem-estar humano e outros que ainda buscam atingir os patamares mais básicos de bem-estar. Esses países que hoje constroem sua infraestrutura e estão elaborando seus projetos de desenvolvimento devem optar por rotas que tenham em si o contexto do desenvolvimento sustentável. O interessante seria que eles não deixassem de se desenvolver, mas já buscassem alternativas menos intensivas em termos de emissão de carbono.

Agência FAPESP – O Brasil não está na contramão dessa proposta com os investimentos em exploração de petróleo e termelétricas? 
Bustamante – O Ministério da Ciência e Tecnologia publicou no ano passado um relatório com as estimativas das emissões brasileiras. É possível observar que houve uma mudança no perfil da emissões brasileiras em comparação com 2005, quando eram fortemente determinadas pelo desmatamento e pela agricultura. Em 2010, a produção de energia e a agricultura passaram a ser setores majoritários nas emissões brasileiras. A situação recente do país mostra a necessidade de investimentos urgentes para diversificar as fontes de energia.

Agência FAPESP – Na sua opinião, o Brasil deveria investir mais em bioenergia? 
Bustamante – Sim, e também deveria investir no aumento de sua eficiência energética e na diversificação das fontes de energia.

Agência FAPESP – O documento divulgado neste domingo deverá embasar as negociações de um novo acordo climático que vai substituir o Protocolo de Kyoto, certo? 
Bustamante – Como o sumário é aprovado pela plenária da ONU, da qual os governos fazem parte, passa a ser um instrumento da negociação internacional. Então essas mensagens deverão subsidiar o processo de negociação de clima em 2014 e 2015, para tentar chegar a um novo acordo que entrará em vigor em 2020. Esse relatório, portanto, chega num momento crucial. A sociedade precisa se preparar para os impactos que virão. Ainda que adotemos agora as ações de mitigação, os impactos continuarão acontecendo. Daí a importância da adaptação.

Agência FAPESP – A senhora acredita que todos os países estão prontos para assumir um compromisso global de redução de emissões? 
Bustamante – Pelo sistema da ONU, no qual há necessidade de um acordo global definido por consenso, é sempre muito difícil. Trabalhamos com realidades e sistemas políticos muito diferentes. Um acordo global é necessário; por outro lado, temos observado um aumento das iniciativas regionais e binacionais. Começam a acontecer ações que não necessariamente estão sob um chapéu de um acordo global, mas podem favorecer muito as ações de mitigação também. É inegável, no entanto, que todos os países terão de aportar suas contribuições. O que não pode acontecer é chegar a 2020 acreditando que teremos mais 20 anos para começar a agir. A tomada de decisão rápida é fundamental. 

Foto: Mercedes Bustamente por Thiago Filipe

Fonte:  Agência FAPESP

Mudanças climáticas põem em risco segurança hídrica na América do Sul

Por Elton Alisson

As mudanças climáticas já observadas e as projetadas para as Américas do Sul e Central colocarão em risco a segurança hídrica das regiões e terão impactos diretos no abastecimento doméstico e industrial e em setores fortemente dependentes de água, como o de geração de energia hidrelétrica e a agricultura.

O alerta é do Relatório sobre Impactos, Adaptação e Vulnerabilidades às Mudanças Climáticas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), apresentado no dia 31 de março em Yokohama, no Japão, e em seguida no dia 1º de abril, na Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro.

O capítulo 27 do documento, que aborda as projeções das mudanças climáticas paras as Américas do Sul e Central, destaca que a vulnerabilidade atual de abastecimento de água nas zonas semiáridas das duas regiões e nos Andes tropicais deverá aumentar ainda mais por causa das mudanças climáticas. E o problema poderá ser agravado pela redução das geleiras andinas, pela diminuição de chuvas e pelo aumento da evapotranspiração nas regiões semiáridas das Américas do Sul e Central, previstos pelo IPCC.

Se essas previsões forem confirmadas, elas afetarão o abastecimento de água das grandes cidades e de pequenas comunidades nas duas regiões. Além disso, comprometerão a geração de energia hidrelétrica e a produção de alimentos, aponta o relatório.

“No fim das contas, os principais impactos das mudanças climáticas previstos para as Américas do Sul e Central estão relacionados com a água”, disse Marcos Buckeridge, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do capítulo 27 do relatório, durante a apresentação da publicação, no Rio de Janeiro.

“Todos os setores que dependem, de alguma forma, de água poderão ser afetados”, estimou Buckeridge. De acordo com o relatório, as Américas do Sul e Central contam com boa disponibilidade de água, mas o recurso hídrico é distribuído de forma desigual nas duas regiões.

O principal usuário de água nas Américas do Sul e Central é a agricultura, seguido pelo abastecimento dos 580 milhões de habitantes das duas regiões, excluídos os 14% que hoje nem sequer têm acesso ao recurso, aponta o documento.

Ainda de acordo com a publicação, a energia hidrelétrica é a principal fonte de energia renovável nas duas regiões, correspondendo a 60% de suas matrizes energéticas, enquanto em outras regiões essa contribuição é, em média, de 20%.

Como a projeção é de aumento de chuvas em algumas regiões do Brasil, os sistemas de energia hidrelétrica baseados principalmente no Rio Paraná poderão ter um ligeiro aumento na produção de energia.

No entanto, o restante do sistema hidrelétrico do país – especialmente os localizados no Nordeste – poderá enfrentar diminuição na geração de energia, comprometendo a confiabilidade de todo o sistema, aponta o relatório.

“Imagine se eventos climáticos extremos, como os períodos de seca combinados com altas temperaturas que ocorreram no início deste ano na região Sudeste do Brasil, também acontecerem eventualmente na região Sul do país. Eles poderiam afetar fortemente o funcionamento de usinas hidrelétricas como as de Itaipu”, disse Buckeridge à Agência FAPESP.

Impactos nos alimentos

Na agricultura, as mudanças climáticas previstas para as duas regiões poderão causar diferentes impactos na produção de alguns tipos de alimentos e na segurança alimentar das populações, indica o relatório.

Mesmo com a diminuição prevista da disponibilidade de água, a cana-de-açúcar e a soja são mais propensas a responder positivamente ao aumento das emissões de gás carbônico e às mudanças de temperatura e aumentar a produtividade e a produção.

No Nordeste do Brasil, contudo, deverá cair o rendimento de culturas de subsistência para a população da região, como feijão, milho e mandioca, e haverá redução de áreas atualmente favoráveis para o cultivo de feijão caupi.

E um aquecimento de 5,8 °C em 2100 (o pior dos cenários previstos) poderia tornar a colheita de café inviável em Minas Gerais e São Paulo – os dois maiores produtores do grão no Brasil.

“O que tem se observado em termos de impacto das mudanças climáticas na agricultura em regiões de latitudes médias e tropicais é que, à exceção da soja, haverá redução na produção principalmente de trigo, arroz e milho cultivados nessas regiões”, disse José Marengo, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e um dos autores do capítulo 27, durante o evento de lançamento no Rio de Janeiro.

“E essas culturas agrícolas compõem, basicamente, a cesta básica da maioria dos países em desenvolvimento”, afirmou.

O relatório pondera que, como resultado de taxas de crescimento mais elevadas e melhor eficiência do uso da água, algumas culturas nas Américas do Sul e Central, incluindo soja, feijão, milho e cana-de-açúcar, poderão até responder com uma produtividade cada vez maior.

A qualidade nutricional desses alimentos, no entanto, deve diminuir em razão do teor de açúcar mais elevado em grãos e frutas e a redução do teor de proteína em cereais e leguminosas, apontam pesquisadores da área.

“Estudos mais recentes demonstram que, com aumento de gás carbônico na atmosfera, as plantas crescem mais e ficam mais robustas. O teor de proteínas delas diminui, em média, 7% e isso gera uma queda na qualidade dos alimentos”, avaliou Buckeridge.

Algumas práticas de adaptação sugeridas pelo relatório do IPCC são avanços no melhoramento genético para o desenvolvimento de culturas agrícolas mais bem adaptadas a eventos climáticos extremos e para atender a demanda mundial por alimentos nas próximas décadas.

Segundo projeções do relatório, até 2040 será preciso aumentar, no mínimo, 70% a produção mundial de alimentos, e a América do Sul e a África são as únicas regiões no mundo que dispõem de terra agriculturável disponível para atender parte dessa demanda.

“Não terá como aumentar a produção da maioria das espécies de vegetais por meio da genética clássica”, disse Buckeridge. “Será preciso utilizar a biotecnologia para transformar as plantas de modo que produzam mais alimentos e sejam mais bem adaptadas às mudanças climáticas”, avaliou. 

Foto:divulgação Usina Hidrelétrica de Mauá/AgB

Fonte: Agência FAPESP

 

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  19. As Mudanças no tempo afeta a produção Agrícola e na Pecuária
  20. Aquecimento global pode aumentar a desigualdade no Brasil
  21. Mudanças climáticas no Brasil devem trazer prejuízo e pobreza
  22. Memo: Examining the Recent "Pause" in Global Warming
  23. A Pause, Not an End, to Warming
  24. Has Global Warming Stopped?
  25. Seminário: Lançamento do Sumário Executivo do GT2
  26. "Brasil quer ser protagonista do clima, mas se contradiz"
  27. Emergentes piden más compromiso ambiental a desarrollados
  28. Quinto relatório do IPCC mostra intensificação das mudanças climáticas
  29. Mudança do clima vai afetar mais pobres e pode inviabilizar megacidades como São Paulo
  30. Brasil mais quente e seco pode desencadear crise
  31. Brasil ganha primeiro relatório do clima
  32. Falta política para mudanças climáticas
  33. Conhecimento sobre mudanças do clima no Brasil ainda tem lacunas
  34. Mudanças no clima do Brasil até 2100
  35. Brasil pode ficar até 6ºC mais quente em 2100, diz relatório
  36. Relatório diz que mudança do clima pode afetar alimento e energia no país
  37. IPCC, cada vez mais certo
  38. Brazil faces drop in crops
  39. FAPESP sedia Conferência de Mudanças Climáticas Globais
  40. Humanidade tem pouco tempo para conter mudanças climáticas, alerta ONU
  41. Brazil faces drop in crops
  42. Aquecimento global estimula avanço de pragas agrícolas
  43. Cientistas tentam calcular com exatidão elevação do nível do mar
  44. Rio de Janeiro é uma das cidades mais expostas a mudanças climáticas
  45. Homem é culpado por aquecimento, diz órgão
  46. Cientistas afirmam que influência humana no clima é inquestionável
  47. Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima)
  48. Relatório reforçará elo entre mudança do clima e ser humano, diz agência
  49. Brasil deve esquentar pelo menos 3°C até 2100
  50. Extremos do clima
  51. Desafios no campo e nas cidades
  52. Cidades brasileiras buscam ações de sustentabilidade
  53. OMM: Última década foi a mais quente desde 1850
  54. Mudança do clima afetaria 10% da população global em 2100, diz estudo
  55. Obama apresenta plataforma para combater mudanças climáticas
  56. Jeffrey Sachs: ‘Corte de estímulo nos EUA elevará juro’
  57. Brasil cria centro de desenvolvimento sustentável como legado da Rio+20
  58. Cidades não estão preparadas para desastres naturais, dizem especialistas no NCS
  59. Concentração de CO2 se aproxima de limite aceitável e preocupa ONU
  60. Proclima/CETESB disponibilizam a Memória da Reunião Técnica do dia 16/04
  61. Relatório sobre mudanças climáticas pede inclusão de tema nas contas nacionais
  62. Ex-chefe do Banco Mundial alerta para riscos das mudanças climáticas
  63. Relatório da ONU prevê 'catástrofe ambiental' no mundo em 2050
  64. Prejuízo ao país com enchentes em São Paulo ultrapassa R$ 762 milhões por ano
  65. Conscientização sobre mudanças climáticas abrirá ciclo de audiências da CMMC
  66. "Cidadãos devem se apropriar da cultura científica", afirma professor espanhol
  67. Estudo aponta grande perda de gelo no Ártico
  68. Maiores cidades do Brasil devem participar de pesquisa global sobre mudanças climáticas
  69. Brasil desenvolve modelo de mudanças climáticas globais
  70. Amazônia está mais resistente a mudanças climáticas, aponta estudo.
  71. Presidente do Banco Mundial pede prioridade para as mudanças climáticas
  72. Peixes ficarão menores e mais escassos nos oceanos, diz estudo
  73. Conter mudança climática exige US$700 bi/ano, diz estudo.
  74. Consulta Pública ao Volume 3: Mitigação das Mudanças Climáticas - Primeiro Relatório de Avaliação do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC)
  75. Consulta Pública ao Volume 2: Impactos, Vulnerabilidades e Adaptação - Primeiro Relatório de Avaliação do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC)
  76. Estudos indicam que 2012 foi um dos dez anos mais quentes já registrados
  77. Brasil integra a Plataforma Internacional de Biodiversidade
  78. Fórum de Davos teme mais tempestades, reais e econômicas
  79. Crise nas alturas andinas
  80. Desastres naturais causaram perdas de US$ 160 bi em 2012, diz estudo
  81. Feliz 2013
  82. Ban Ki-moon: Mudança climática é uma verdade que incomoda
  83. Unesco prorroga prazo para envio de currículos
  84. Relatório de mudanças climáticas tem consulta pública
  85. Modeling reveals significant climatic impacts of megapolitan expansion
  86. Custo das catástrofes naturais triplicou em 30 anos
  87. Fórum Pernambucano de Mudanças Climáticas debate alerta de cientistas sobre riscos no Estado
  88. Aquecimento global: menos mito e mais ciência
  89. Consulta Pública ao Volume 1: Base científica das mudanças climáticas - Primeiro Relatório de Avaliação do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC)
  90. Mulheres são mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas globais
  91. Degelo do ártico bate recorde de 2007 e preocupa cientistas
  92. Debates movimentam Fórum Eco Serra em Nova Friburgo
  93. Mais chuvas intensas em São Paulo e seca nos EUA corroboram conclusões do IPCC
  94. Interface entre cientistas e governos é prioridade para gestão de desastres
  95. Gerenciamento dos impactos dos eventos climáticos extremos é debatido em São Paulo
  96. Seleção de Bolsista para o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas
  97. Merkel critica adiamento de decisões climáticas
  98. Secas extremas podem causar extinção de peixes-boi na Amazônia
  99. Nova legislação dará base científica à prevenção de desastres naturais, dizem especialistas
  100. Clima pode reduzir tartarugas no Pacífico em 75% até 2100, diz estudo

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