Os sete anos consecutivos de seca no Nordeste do País são um recorde desde que o volume de chuvas na região começou a ser medido, em 1850. Cerca de 1.100 municípios foram afetados, atingindo mais de 20 milhões de pessoas. Inédito nos registros históricos, esse cenário pode se tornar cada vez mais comum no futuro se não for possível conter o aquecimento global.
O alerta será feito nesta quinta-feira, 20, por um grupo de pesquisadores brasileiros, liderado por José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que estimou os impactos das mudanças climáticas no Nordeste até o final do século.
Num pior cenário, em que o mundo não consiga cumprir o Acordo de Paris – que estabelece esforços de todos os países para conter o aumento da temperatura a menos de 2°C até o final do século –, e o aquecimento passe de 4°C, pode ocorrer uma tendência acentuada de aridização da região.
Com o clima mais quente, a área em condições de seca extrema pode alcançar metade da região. “No pior ano de seca do período recente, em 2012, a área que ficou em condição de seca extrema foi de cerca de 2%. Até o final do século, em um cenário de 4°C, 51% poderiam ser afetados por essas secas extremas”, disse ao Estado o climatologista Carlos Nobre, um dos autores do estudo.
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Com o permafrost derretendo e liberando metano, surge a pergunta sobre como isto afeta o aquecimento do Planeta. Pesquisadores europeus rodaram os modelos climáticos usados para estimar o orçamento de carbono com dados sobre o derretimento do permafrost. Para os cientistas, os resultados dependem da evolução do derretimento - quanto derrete, em quanto tempo, e quanto metano e CO2 são liberados. Os autores concluem que “o mundo está mais perto de exceder o orçamento para a meta de longo prazo do Acordo de Paris do que se pensava até agora”.
Os compromissos específicos assumidos pelos países signatários do Acordo de Paris para reduzir as emissões de gases-estufa relativos à atividade agrícola e as ações para alcançar essas metas ainda não são suficientes para reduzir as emissões globais e o aquecimento global. Essa é a avaliação de Zitouni Oul-Dada, diretor da Divisão de Clima e Ambiente do Departamento de Clima, Biodiversidade, Terra e Água da Agência para Agricultura e Alimentação (FAO), em entrevista ao Valor.
No bojo do Acordo de Paris, além do compromisso firmado por 195 países para reduzir o aumento da temperatura global em 1,5% até 2030, cada nação apresentou compromissos próprios com metas para reduzir as emissões de gases de forma a colaborar com a meta global para mitigar o aquecimento global. Ainda segundo o acordo de 2015, os países também acordaram na ocasião que a temperatura global precisaria parar de crescer em 2020 para que se pudesse alcançar a meta global.
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A quarta edição do Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Ambiental (ENPJA) será nos dias 27 e 28 de setembro na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Neste ano o evento contará, além das já tradicionais sessões de apresentação de trabalhos orientados para o Jornalismo Ambiental, programação voltada para a reflexão e debate do Jornalismo e Mudanças Climáticas, uma das questões ambientais mais atuais e urgentes do nosso tempo.
A Profa. da COPPE/UFRJ e Secretária Executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, Andréa Santos, irá participar de mesa sobre às Mudanças Climáticas.
O ENPJA é um evento acadêmico dedicado à qualificação e promoção dos estudos de interface entre jornalismo e meio ambiente. A quarta edição dará ênfase às discussões sobre mudanças climáticas. Mais informações sobre a programação podem ser encontradas aqui: https://enpja.com.br/